« Estote ergo vos perfecti sicut et Pater vester caelestis perfectus est » "Sede santos, assim como vosso Pai celeste é santo" (Mt 5,48)
Sobre a Festa de Qualquer Santo
Por Hugo de São Vitor
Por Hugo de São Vitor
Sermão VI
A Sagrada Escritura, cantando o louvor do justo já no começo de um livro, diz sobre ele:
"Será como a árvore plantada junto às correntes das águas, que dará fruto ao seu tempo".(Sl 1, 3)
Devemos, pois, perguntarmo-nos, irmãos caríssimos, o que são estas águas, o que são as suas correntes, o que é a raiz desta árvore, o que é o seu tronco, o que são os seus ramos, o que é a sua casca, o que é a sua medula, o que são as suas folhas, as suas flores e os seus frutos.
As águas de que nos fala o Salmista são os dons da graça, pelos quais Deus irriga o justo, para que cresça e produza fruto. Suas correntes são o seu sopro, pois, de fato, está escrito:
"O Espírito sopra onde quer; e tu ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai".(Jo 3, 8)
Assim como as águas, o Espírito Santo, aproximando-se e afastando-se de nós, também flui e reflui. Flui para a nossa justificação, reflui para a nossa humilhação. Aproxima-se para que cresçamos, afasta-se para que não nos ensoberbeçamos. Flui para que cresçamos na virtude e reflui para que não nos ensoberbeçamos da virtude por causa da abundância da graça. A fonte destas águas é Cristo, seus rios são os dons pelos quais o justo germina, cresce e se consuma pela perfeição.
Nesta árvore a raíz é a fé, origem e fundamento de todas as demais virtudes e a raíz das boas obras. Por esta raíz o justo é plantado em Deus, e sem ela não se produz nenhum bom fruto, como diz o Apóstolo:
"Sem fé é impossível agradar a Deus".(Hb 11, 6)
Quão boa, pois, é esta raiz! Dela toma início o bem e a vida do justo.
O tronco designa a esperança dos bens celestes, pela qual nos elevamos e nos fortificamos, elevando-nos do que é transitório para o que é eterno.
Os ramos são a caridade, que se eleva para o alto pelo amor de Deus, e se estende para os lados pelo amor do próximo.
A medula, que interiormente permanece oculta, significa a intenção do coração; a casca, visível para todos, é a superfície manifesta da boa conversação. A intenção do coração diz respeito apenas à consciência, mas a superfície da conversação diz respeito também à fama. A primeira é julgada somente por Deus; a segunda, também pelo próximo. Por este motivo a primeira apenas a ti aproveita, mas a segunda pode aproveitar tanto para ti como para o teu próximo, se ele quiser te imitar.
As folhas pelas quais a árvore se reveste significam as boas ações, pelas quais o justo é circundado e ornamentado. A frondosidade da folhagem exprime a perseverança e a perpetuidade da ação do homem justo.
As flores, por causa de seu perfume, significam a boa fama. A árvore frondosa e frutífera levanta a sua folhagem para o céu quando diz, como São Paulo, que
"nossa conversação está nos céus", (Fl 3, 20)
e possui flores perfumadas quando diz também:
"Nós somos diante de Deus o bom odor de Cristo em todo o lugar".(II Cor 2, 15)
Destas flores está escrito que "É melhor o bom nome do que os bálsamos preciosos".(Ecle 7, 1)
Dos maus, porém, está escrito:
"O nome dos ímpios apodrecerá".(Pr 10, 7)
As árvores possuem frutos exteriores, interiores e superiores. Os interiores estão na alma, os exteriores junto ao próximo, os superiores em Deus; estão na alma pela boa consciência, junto ao próximo pela doutrina, em Deus pela glória.
Assim terá sido, irmãos caríssimos, qualquer um dos justos a quem possamos nos referir. Bem aventurado aquele cuja festa hoje celebramos, cujas virtudes enumeramos, cujo sufrágio imploramos, por cujas palavras somos iluminados, por cujo exemplo somos formados, de cujo patrocínio nos munimos. Trabalhemos, irmãos, para que também nós possamos ser como ele o terá sido. Como filhos imitemos o pai, como discípulos o mestre, como servos o senhor, como soldados o condutor, como ovelhas o pastor. Jamais, porém, o conseguiremos com as nossas forças; supliquemos, portanto, ao Senhor, "que a todos dá liberalmente e não lança em rosto".(Tg 1,5)
para que, pelo rio de sua sabedoria,
"cujo ímpeto alegra a sua cidade", (Sl 47)
se digne irrigar a aridez de nosso coração, para que corram do seio de nossa mente,
"rios de água viva, que jorrem para a vida eterna".(Jo 7, 38)
Se esta água, efetivamente, irrigar o jardim de nosso coração, nascerá em nós a raíz da fé, o tronco da esperança se fortalecerá, os ramos da caridade se levantarão e se estenderão, produzir-se-ão as folhas da boa obra, as flores da boa opinião e os frutos da justificação já durante esta vida e da glorificação na pátria, em cujo ingresso
"Deus enxugará todas as lágrimas dos olhos" (Ap 21, 4)
de seus santos e dará
"o que o olho não viu, nem o ouvido ouviu, nem jamais passou pelo coração do homem", isto é, "o que Deus preparou para aqueles que o amam", (I Cor 2,9)
Ele que vive e reina por todos os séculos dos séculos.Amém.
"Será como a árvore plantada junto às correntes das águas, que dará fruto ao seu tempo".(Sl 1, 3)
Devemos, pois, perguntarmo-nos, irmãos caríssimos, o que são estas águas, o que são as suas correntes, o que é a raiz desta árvore, o que é o seu tronco, o que são os seus ramos, o que é a sua casca, o que é a sua medula, o que são as suas folhas, as suas flores e os seus frutos.
As águas de que nos fala o Salmista são os dons da graça, pelos quais Deus irriga o justo, para que cresça e produza fruto. Suas correntes são o seu sopro, pois, de fato, está escrito:
"O Espírito sopra onde quer; e tu ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai".(Jo 3, 8)
Assim como as águas, o Espírito Santo, aproximando-se e afastando-se de nós, também flui e reflui. Flui para a nossa justificação, reflui para a nossa humilhação. Aproxima-se para que cresçamos, afasta-se para que não nos ensoberbeçamos. Flui para que cresçamos na virtude e reflui para que não nos ensoberbeçamos da virtude por causa da abundância da graça. A fonte destas águas é Cristo, seus rios são os dons pelos quais o justo germina, cresce e se consuma pela perfeição.
Nesta árvore a raíz é a fé, origem e fundamento de todas as demais virtudes e a raíz das boas obras. Por esta raíz o justo é plantado em Deus, e sem ela não se produz nenhum bom fruto, como diz o Apóstolo:
"Sem fé é impossível agradar a Deus".(Hb 11, 6)
Quão boa, pois, é esta raiz! Dela toma início o bem e a vida do justo.
O tronco designa a esperança dos bens celestes, pela qual nos elevamos e nos fortificamos, elevando-nos do que é transitório para o que é eterno.
Os ramos são a caridade, que se eleva para o alto pelo amor de Deus, e se estende para os lados pelo amor do próximo.
A medula, que interiormente permanece oculta, significa a intenção do coração; a casca, visível para todos, é a superfície manifesta da boa conversação. A intenção do coração diz respeito apenas à consciência, mas a superfície da conversação diz respeito também à fama. A primeira é julgada somente por Deus; a segunda, também pelo próximo. Por este motivo a primeira apenas a ti aproveita, mas a segunda pode aproveitar tanto para ti como para o teu próximo, se ele quiser te imitar.
As folhas pelas quais a árvore se reveste significam as boas ações, pelas quais o justo é circundado e ornamentado. A frondosidade da folhagem exprime a perseverança e a perpetuidade da ação do homem justo.
As flores, por causa de seu perfume, significam a boa fama. A árvore frondosa e frutífera levanta a sua folhagem para o céu quando diz, como São Paulo, que
"nossa conversação está nos céus", (Fl 3, 20)
e possui flores perfumadas quando diz também:
"Nós somos diante de Deus o bom odor de Cristo em todo o lugar".(II Cor 2, 15)
Destas flores está escrito que "É melhor o bom nome do que os bálsamos preciosos".(Ecle 7, 1)
Dos maus, porém, está escrito:
"O nome dos ímpios apodrecerá".(Pr 10, 7)
As árvores possuem frutos exteriores, interiores e superiores. Os interiores estão na alma, os exteriores junto ao próximo, os superiores em Deus; estão na alma pela boa consciência, junto ao próximo pela doutrina, em Deus pela glória.
Assim terá sido, irmãos caríssimos, qualquer um dos justos a quem possamos nos referir. Bem aventurado aquele cuja festa hoje celebramos, cujas virtudes enumeramos, cujo sufrágio imploramos, por cujas palavras somos iluminados, por cujo exemplo somos formados, de cujo patrocínio nos munimos. Trabalhemos, irmãos, para que também nós possamos ser como ele o terá sido. Como filhos imitemos o pai, como discípulos o mestre, como servos o senhor, como soldados o condutor, como ovelhas o pastor. Jamais, porém, o conseguiremos com as nossas forças; supliquemos, portanto, ao Senhor, "que a todos dá liberalmente e não lança em rosto".(Tg 1,5)
para que, pelo rio de sua sabedoria,
"cujo ímpeto alegra a sua cidade", (Sl 47)
se digne irrigar a aridez de nosso coração, para que corram do seio de nossa mente,
"rios de água viva, que jorrem para a vida eterna".(Jo 7, 38)
Se esta água, efetivamente, irrigar o jardim de nosso coração, nascerá em nós a raíz da fé, o tronco da esperança se fortalecerá, os ramos da caridade se levantarão e se estenderão, produzir-se-ão as folhas da boa obra, as flores da boa opinião e os frutos da justificação já durante esta vida e da glorificação na pátria, em cujo ingresso
"Deus enxugará todas as lágrimas dos olhos" (Ap 21, 4)
de seus santos e dará
"o que o olho não viu, nem o ouvido ouviu, nem jamais passou pelo coração do homem", isto é, "o que Deus preparou para aqueles que o amam", (I Cor 2,9)
Ele que vive e reina por todos os séculos dos séculos.Amém.
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