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terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O PECADO, O AMOR E A MISERICÓRDIA DE DEUS.

Então, entendo que pecado é acima de tudo o que faz mal a mim, ao outro e ofende  a Deus. Porque assim como está escrito em João 3:16 (Porque Deus amou tanto o mundo de modo a entregar seu filho único para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna). Acredito que pecar seja uma ausência de amor entre 3 pessoas (eu você e Deus). Quando não há amor pecamos. Uma porque não acreditamos na essência de Deus, não vemos Deus no outro e muito menos em nós.        Não vemos o amor que Deus derramou sobre nós e continua a derramar em cada missa ao entregar seu filho para que se cumprissem às profecias presente nas Escrituras e assim salvar seu povo da morte.
       Quando não há amor aos poucos vai gerando sentimentos, atitudes que nos levam a pecar e automaticamente rejeitamos os ensinamentos de Deus e desviamos o nosso olhar de nosso Senhor e olhamos somente para o humano.        Mas não se pode falar em pecado sem pensar na misericórdia de Deus. Deus é infinitamente misericordioso. Ele sabe que pecamos o tempo todo. Ele é nosso Pai, nos criou a Sua imagem e semelhança. Por isso enviou seu filho para que fosse humano, para estar mais próximo de nós. Na passagem em I João 1, 8-9 fala justamente do amor que Deus tem por ti, por mim e por todos. Que a misericórdia de Deus é verdade e é infinita, mas para isso quando pecamos devemos reconhecer que pecamos, ter humildade e reconhecer Deus como Senhor da nossa vida. Que fizemos mal ao outro, a nós mesmos e muito mais Nosso Pai. Partindo então dessa verdade, a misericórdia de Deus estará em nós, Ele nos perdoará porque primeiro nos perdoamos e reconhecemo-nos pequeninos, crianças nos braços de Jesus. 
       No "Diário de Santa Faustina”  é relatado de uma forma muito simples a  misericórdia de Deus. Jesus aparece a ela numa imagem em que há saindo do coração dEle raios coloridos. Duas cores simbolizando o sangue  e a água. “Feliz aquele que viver sob a proteção deles, porque não será atingido pelo braço da Justiça de Deus."  Um livro fantástico de chorar e se alegrar com cada elocução escrita ali. Não há palavras para expressar o que está escrito. Verdadeiramente Deus conduziu a vida dessa Santa e ela deixou-se entregar ao amor de Deus. E hoje nos ajuda a entender o amor de Jesus por cada um, em especial por você.
       Mesmo quando nosso coração está fechado Ele vem nos visitar, e envolvidos mesmo sem saber no amor de Deus permitimos que Ele entre. Abrimos à porta a fé e nos entregamos ao sublime amor.        Não pecar, ou mesmo se arrepender é uma decisão, uma confiança no amor e na misericórdia.        É tempo de sonhar, acreditar cada vez mais que o amor de Deus é real. É hora de despertar.
                                                                                                  Ana Paula Bordin                                                             (Estudante de Ciências Sociais - UFRGS)

sábado, 30 de outubro de 2010

Ser santo quer dizer ter Deus no coração

 Nossa Senhora nos convidou tantas vezes a iniciar a oração em família. Não existe coisa que possa unir uma família tanto quanto a oração. Nossa Senhora nos disse: Nas vossas famílias coloquem Deus no primeiro lugar, encontrem tempo para Deus. Em uma mensagem a Virgem também disse: Desejo que cada uma de suas famílias seja santa. Ser santo quer dizer ter Deus no coração, viver com Deus. Ser santo quer dizer ter paz na família, ser santo quer dizer poder falar com os pais, ser santo quer dizer poder ajudar aos outros, ser santo quer dizer sorrir a todos, ser santo quer  dizer estender a mão ao irmão, amar as pessoas.
Nossa Senhora disse: Queridos filhos, jejuem. Sei que muitos daqueles que chegam em Medjugorje tem problemas com o jejum e muitos se perguntam porque devemos jejuar. Recordemos quantas vezes Nossa Senhora nos disse: Queridos filhos, com a oração e o jejum podem obter tudo, podem parar até mesmo as guerras.
Nos lembramos de Deus quando sofremos e temos as cruzes então dizemos: Onde está Deus, me esqueceu, porque não me ajuda ? Deus está sempre próximo de nós, nós nos distanciamos com as nossas omissões e com os nossos pecados.
Nossa Senhora diz: Queridos filhos, convertam-se, convertam os seus corações. Para Medjugorje não se vem para ver os videntes, ver os sinais visíveis. O maior sinal de Medjugorje é a nossa conversão, a nossa nova vida com Deus. Devemos levar esta nova vida nas nossas famílias e testemunhar a nossa mudança. Necessita-se mostrar em família o quanto é belo viver com Deus.
Muitos, infelizmente, tem medo de se converter. Quando conhecemos a Deus e o Seu amor, então podemos dizer que temos tudo.


Traduzido do italiano por Gabriel Paulino
Fonte: livro I VEGGENTI RACCONTANO – Kresimir Sego – Medjugorje 2010

Jovens dialogam com Bento XVI em encontro no Vaticano


Da Redação, com Rádio Vaticano


O "amor verdadeiro" e a "verdadeira liberdade" juntos com o Papa Bento XVI cerca de 80 mil jovens  refletem o tema "Há mais: cresçamos juntos".

Os jovens tiveram a oportunidade de dialogar com o Santo Padre e refletiram sobre o amor, a educação e o testemunho evangélico na vida cotidiana.

Hoje, demasiadas vezes "o amor é reduzido a uma mercadoria que se pode trocar ou consumar sem respeito por si e pelos outros". Assim é o amor proposto, muitas vezes, na mídia e na internet. "É egoísmo, ilusão de um momento, algo que vos liga como uma corrente, algo que sufoca o pensamento e aquela força insuprível que é o amor verdadeiro, que certamente também custa sacrifício", ressaltou Bento XVI respondendo ás perguntas que lhe foram dirigidas.

O Papa destacou que existe uma prova que confirma se o nosso amor está crescendo bem: “se não excluis da vossa vida os outros, sobretudo os vossos amigos que sofrem e se encontram sozinhos, as pessoas em dificuldade, e se abris o vosso coração ao grande Amigo que é Jesus".

Também a Ação Católica vos ensina os caminhos para aprender o amor autêntico, explicou. "A participação na vida da Igreja, da vossa comunidade cristã, a disponibilidade em relação aos coetâneos que se encontram na escola, na paróquia e em outros ambientes". E exortou os jovens da Ação Católica a aspirarem a metas maiores, porque Deus dá a força.

Em resposta à pergunta de uma educadora sobre o desafio atual de educar, o Papa respondeu que "ser educador significa ter uma alegria no coração e comunicá-la a todos para tornar bela e boa a vida, significa oferecer razões e metas para o caminho da vida".

O Papa solicitou os educadores da Ação Católica a oferecerem "a beleza da pessoa de Jesus" e se enamorarem por Ele, com "seu estilo de vida, da sua liberdade, do seu grande amor cheio de confiança em Deus Pai".

“Tende a coragem, ousaria dizer a confiança de não deixar nenhum ambiente sem Jesus, sem a sua ternura que fazeis experimentar a todos, também aos mais necessitados e abandonados, com a vossa missão de educadores”, ressaltou.


http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=278561

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Brasil: Irmã Dulce será beatificada


Cardeal Geraldo Agnelo fez o anúncio em Salvador
SALVADOR, quarta-feira, 27 de outubro de 2010 (ZENIT.org) – O arcebispo de Salvador (nordeste do Brasil), cardeal Geraldo Majella Agnelo, anunciou na manhã desta quarta-feira que a Irmã Dulce será beatificada em breve. Segundo informa a arquidiocese, o pronunciamento foi feito na sede das Obras Sociais Irmã Dulce, em Salvador. O cardeal informou que até o fim do ano encerra o processo e será conhecida a data da cerimônia de beatificação.
De acordo com o arcebispo, uma comissão científica da Santa Sé aprovou esta semana um milagre atribuído à religiosa, fato decisivo no processo de beatificação.
Segundo Dom Geraldo, a religiosa é exemplo para os cristãos e a sua história de vida é o que justifica a beatificação e o processo de canonização.
“Todo santo é um exemplo de Cristo, como foi o caso dela [Irmã Dulce]; aquela dedicação diuturna durante toda a vida aos pobres e sofredores.”
A causa da beatificação da religiosa brasileira foi iniciada em janeiro do ano 2000 pelo próprio Dom Geraldo Majella. Desde junho de 2001, o processo tramita na Congregação das Causas dos Santos.
Irmã Dulce, natural de Salvador, faleceu em 1992, aos 78 anos. Religiosa da Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, desenvolveu uma vasta obra assistencial em favor dos mais pobres, especialmente no campo da saúde. Em 1988, foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz. Em 1991, já no leito de morte, recebeu a visita do Papa João Paulo II, em sua segunda viagem ao Brasil.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Papa ensina o que é confiar em Deus: "esvaziar-se de si"

CIDADE DO VATICANO, segunda-feira, 5 de julho de 2010 (ZENIT.org)
O Papa Bento XVI destacou hoje as virtudes de São José, como um homem que confiou plenamente no plano de Deus.


"José, confiando-se a Deus, consente e coopera no plano da salvação", disse o Papa.


"Confiar em Deus não significa ver tudo claro segundo os nossos critérios, não significa realizar aquilo que nós projetamos; confiar em Deus quer dizer esvaziar-se de si, renunciar a nós mesmos, porque somente quem aceita perder-se para Deus pode ser ‘justo' como São José, pode conformar a própria vontade à de Deus e, assim, realizá-la", indicou Bento XVI.


O Papa destacou como, no Evangelho, não há nenhuma palavra pronunciada diretamente por São José, quem "desenvolve a sua atividade em silêncio. É o estilo que o caracteriza em toda a existência, tanto antes de encontrar-se diante do mistério da ação de Deus, em sua esposa, como quando - consciente desse mistério - está ao lado de Maria no Natal".

domingo, 4 de julho de 2010

Se aprendermos a ouvir a Deus não temeremos nada, diz Papa


Da Redação, com Rádio Vaticano - 
 Canção Nova Notícias



"É preciso ensinar o nosso coração a reconhecer o Senhor, a ouvi-lo como pessoa que nos está próxima e nos escuta. Se aprendermos a ouvir esta voz e a segui-la com generosidade, não teremos medo de nada, pois saberemos que Deus é Amigo, Pai e Irmão", disse o Papa Bento XVI aos jovens, neste domingo, 4.
Das palavras proferidas pelos jovens, o Papa ressaltou um aspecto positivo e outro negativo. O primeiro é a sua visão cristã da vida, resultado da educação recebida da família e dos educadores. O negativo são as sombras que escurecem seu horizonte: problemas concretos que dificultam as perspectivas de um futuro sereno e otimista; assim como falsos valores e modelos ilusórios que ao invés de preencher a vida, a esvaziam.

Para encorajá-los, Bento XVI usou uma expressão jovem, dizendo-lhes que têm “uma marcha a mais”, por conservarem fortes suas raízes históricas e fazerem delas a sua “mestra de vida”. “O cristão tem boa memória, ama a história e quer conhecê-la”, disse o Papa.

Em seguida, o discurso se direcionou para o chamado de Deus: a vocação. Para o Papa, "é preciso ensinar o nosso coração a reconhecer o Senhor, a ouvi-lo como pessoa que nos está próxima e nos escuta. Se aprendermos a ouvir esta voz e a segui-la com generosidade, não teremos medo de nada, pois saberemos que Deus é Amigo, Pai e Irmão". Em síntese: o segredo da vocação é a relação com Deus, a oração.

O diálogo com Deus é garantia de verdade e liberdade, e não distrai ninguém da realidade; não aliena, mas defende do orgulho e da presunção, das modas e do conformismo. “Quem segue Ele, não tem medo de renunciar a si mesmo, pois “a quem tem Deus, nada falta” – como dizia Santa Tereza d’Avila.

O Papa convidou os jovens a adentrarem-se no caminho da santidade, que os fará mais criativos ao resolver os problemas da vida, pois o cristão não é individualista. Até a vida solitária de oração e penitência é sempre ao serviço da comunidade, jamais se contrapõe a ela. “Eremitérios e mosteiros são oásis, fontes de vida espiritual – explicou – e os monges não vivem para si, mas para os outros, para que a Igreja e a sociedade sejam sempre irrigadas de novas energias, de ações do Senhor”.

Enfim, Bento XVI citou Santo Agostinho, que por tanto tempo procurou algo que saciasse sua sede de verdade e felicidade, e no final, entendeu que nosso coração não tem paz até encontrar Deus e nEle repousar.

Concluindo, o Papa disse que deixava Sulmona contente, como um pai tranqüilo que vê que seus filhos estão crescendo bem. Pediu-lhes que continuem a amar a Igreja, nos trilhos do Evangelho, e a serem humildes e generosos.

domingo, 27 de junho de 2010

Deus preenche plenamente o coração humano, afirma Papa

Durante a oração do último Ângelus do mês de junho
CIDADE DO VATICANO, domingo, 27 de junho de 2010 (ZENIT.org) - Bento XVI convidou os fiéis hoje a dirigirem o olhar ao Sagrado Coração de Jesus, para estarem dispostos a um seguimento radical do Senhor.

Ao rezar, ao meio-dia, a oração do Ângelus junto a milhares de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro neste último domingo do mês de junho, o Papa retomou o tema do chamado de Cristo e de suas exigências.
"Hoje, eu gostaria de convidar todos vós a contemplar o mistério do Coração divino-humano do Senhor Jesus, para extrair água da própria fonte do amor de Deus", disse.
"Quem fixa seu olhar nesse Coração atravessado e sempre aberto por amor a nós, sente a verdade desta invocação: ‘Ó Senhor, sois minha herança e minha taça', e está pronto para deixar tudo por seguir o Senhor", acrescentou.
O Pontífice destacou que "um jovem ou uma moça que deixa sua família de origem, os estudos ou o trabalho para se consagrar a Deus" é "um exemplo vivo de resposta radical à vocação divina".
E garantiu que "esta é uma das experiências mais belas que existem na Igreja: ver, tocar com a mão a ação do Senhor na vida das pessoas; experimentar que Deus não é uma entidade abstrata, mas uma Realidade tão grande e forte como para preencher de uma maneira superabundante o coração do homem; uma Pessoa viva e próxima, que nos ama e pede ser amada".
Também se referiu à "novidade e a prioridade absoluta do Reino de Deus que se faz presente na própria Pessoa de Jesus Cristo" e à "radicalidade que é devida ao amor de Deus, ao qual Jesus mesmo por primeiro obedece".
Bento XVI continuou falando do seguimento radical da vocação divina indicando que "quem renuncia a tudo, inclusive a si mesmo, para seguir Jesus, entra em uma nova dimensão da liberdade".
"Liberdade e amor coincidem! Ao contrário, obedecer ao próprio egoísmo conduz a rivalidades e conflitos", concluiu.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Catequese do Papa: São Tomás de Aquino, o “Doutor Angélico”

Catequese do Papa: São Tomás de Aquino, o “Doutor Angélico”




CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 2 de junho de 2010 (ZENIT.org).- Apresentamos, a seguir, a catequese dirigida pelo Papa aos grupos de peregrinos do mundo inteiro, reunidos na Praça de São Pedro para a audiência geral.

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Queridos irmãos e irmãs:

Após algumas catequeses sobre o sacerdócio e minhas últimas viagens, voltamos hoje ao nosso tema principal, isto é, para a meditação sobre alguns grandes pensadores da Idade Média. Havíamos visto a grande figura de São Boaventura, franciscano, e hoje gostaria de falar daquele que a Igreja chama o Doctor communis: São Tomás de Aquino. Meu adorado antecessor, o Papa João Paulo II, em sua encíclica Fides et ratio, lembrou que São Tomás "sempre foi proposto pela Igreja como mestre do pensamento e modelo do modo certo de fazer teologia" (n. 43). Não surpreende que, depois de Santo Agostinho, entre os escritores eclesiásticos mencionados no Catecismo da Igreja Católica, São Tomás seja citado mais que qualquer outro, até 61 vezes! Foi chamado também Doctor Angelicus, talvez por suas virtudes, em particular a sublimidade de seu pensamento e a pureza de sua vida.

Tomás nasceu entre 1224 e 1225, no castelo que sua família, nobre e rica, possuía em Roccasecca, nas proximidades de Aquino, perto da célebre abadia de Monte Cassino, onde foi enviado por seus pais para receber os primeiros elementos de sua instrução. Um ano depois, mudou-se para a capital do Reino de Sicília, Nápoles, onde Federico II havia fundado uma prestigiosa Universidade. Nela era ensinado, sem as limitações existentes em outros lugares, o pensamento do filósofo grego Aristóteles, a quem o jovem Tomás foi apresentado e de quem intuiu grande valor imediatamente. Mas, sobretudo naqueles anos transcorridos em Nápoles, nasceu sua vocação dominicana. Tomás foi, de fato, atraído pelo ideal da ordem fundada não muitos anos antes por São Domingos. Contudo, quando revestiu o hábito dominicano, sua família opôs-se a esta escolha, obrigando-o a deixar o convento e a passar algum tempo em família.

Em 1245, já maior de idade, pôde retomar seu caminho de resposta ao chamado de Deus. Foi enviado a Paris para estudar teologia, sob a orientação de outro santo, Alberto Magno, sobre o qual falei recentemente. Alberto e Tomás estreitaram uma verdadeira e profunda amizade e aprenderam a estimar-se e a apreciar-se, até o ponto que Alberto quis que seu discípulo o acompanhasse, também, a Colônia, aonde ele havia sido enviado pelos superiores da ordem para fundar um estudo teológico. Tomás manteve, então, contato com todas as obras de Aristóteles e de seus comentaristas árabes, que Alberto ilustrava e explicava.

Naquele período, a cultura do mundo latino estava profundamente estimulada pelo encontro com as obras de Aristóteles, que haviam sido ignoradas por muito tempo. Tratava-se de textos sobre a natureza do conhecimento, sobre ciências naturais, sobre metafísica, sobre a alma e sobre a ética, repletos de informações e instruções que pareciam válidas e convincentes. Era toda uma visão completa do mundo elaborada sem e antes de Cristo, com a pura razão, e parecia impor-se à razão como "a" própria visão; era, portanto, uma fascinação incrível para os jovens verem e conhecerem esta filosofia. Muitos acolheram com entusiasmo, até mesmo com entusiasmo acrítico, esta enorme bagagem do antigo conhecimento, que parecia poder renovar vantajosamente a cultura, abrir totalmente novos horizontes. Outros, porém, temiam que o pensamento pagão de Aristóteles estivesse em oposição à fé cristã e recusavam estudá-lo.

Encontraram-se duas culturas: a cultura pré-cristã de Aristóteles, com sua racionalidade radical, e a cultura clássica cristã. Certos ambientes eram levados à rejeição de Aristóteles, também pela apresentação que deste filósofo faziam os comentaristas árabes Avicena e Averróis. Na realidade, foram eles que transmitiram para o mundo latino a filosofia aristotélica. Por exemplo, estes comentaristas tinham ensinado que os homens não têm uma inteligência pessoal, mas que há um único intelecto universal, uma substância espiritual comum a todos, que opera em todos como "única": portanto, uma despersonalização do homem. Outro ponto discutível transmitido pelos comentaristas árabes era aquele segundo o qual o mundo é eterno como Deus. Desencadearam-se, compreensivelmente, disputas sem fim no mundo universitário e no eclesiástico. A filosofia aristotélica ia se difundindo, inclusive pelas pessoas simples.

Tomás de Aquino, na escola de Alberto Magno, realizou uma operação de fundamental importância para a história da filosofia e da teologia, diria que para a história da cultura: estudou a fundo Aristóteles e seus intérpretes, procurando novas traduções latinas dos textos originais em grego. Assim, não se apoiava apenas nos comentaristas árabes, sendo que podia ler pessoalmente os textos originais, e comentou grande parte dos trabalhos aristotélicos, distinguindo neles o que era válido do que era duvidoso ou completamente rejeitável, mostrando a concordância com os dados da Revelação cristã e utilizando ampla e intensamente o pensamento aristotélico na exposição dos manuscritos teológicos que compôs. Em definitivo, Tomás de Aquino mostrou que entre a fé cristã e a razão subsiste uma harmonia natural. E esta é a grande obra de Tomás, que, naquele momento de confrontação entre duas culturas - momento em que parecia que a fé teria que render-se à razão -, mostrou que ambas caminham juntas; que, quando a razão parecia incompatível com a fé, não era razão, e quando a fé parecia opor-se à verdadeira racionalidade, não era fé; assim, criou uma nova síntese, que formou a cultura dos séculos seguintes.

Por seus excelentes dotes intelectuais, Tomás foi chamado a Paris como professor de teologia na cátedra dominicana. Aqui começou também sua produção literária, que prosseguiu até sua morte e que tem algo de prodigioso: comentários à Sagrada Escritura, porque o professor de teologia era, sobretudo, intérprete da Escrituras, comentários aos manuscritos de Aristóteles, obras sistemáticas poderosas, entre as quais sobressai a Summa Theologiae, tratados e discursos sobre argumentos diversos. Para a composição de seus textos, era ajudado por alguns secretários, entre eles seu irmão Reginaldo de Piperno, que o seguiu fielmente e ao qual esteve ligado por uma amizade sincera e fraterna, caracterizada por uma grande confiança. Esta é uma característica dos santos: eles cultivavam a amizade, porque esta é uma das manifestações mais nobres do coração humano e tem em si algo de divino, como Tomás mesmo explicou em algumas quaestiones da Summa Theologia, na qual escreve: "A caridade é a amizade do homem com Deus principalmente, e com os seres que Lhe pertencem (II, q. 23, a.1)".

Não permaneceu durante muito tempo e de um modo estável em Paris. Em 1259 participou do Capítulo Geral dos Dominicanos para Valenciennes, onde foi membro de uma comissão que estabeleceu o programa de estudos da ordem. De 1261 a 1265, depois, Tomás esteve em Orvieto. O Pontífice Urbano IV, que sentia por ele uma grande estima, o encarregou da composição dos textos litúrgicos para a festa de Corpus Domini, que celebramos amanhã, instituída depois do milagre eucarístico de Bolsena. Tomás teve uma alma perfeitamente eucarística. Os belíssimos hinos que a liturgia da Igreja canta para celebrar o mistério da presença real do Corpo e do Sangue do Senhor, na Eucaristia são atribuídos à sua fé e à sua sabedoria teológica. Entre 1265 e 1268, Tomás residiu em Roma, onde, provavelmente, dirigia um Studium, quer dizer, uma Casa de Estudos da Ordem, e onde começou a escrever sua Summa Theologiae (cf. Jean-Pierre Torrell, Tommaso d'Aquino. L'uomo e il teologo, Casale Monf., 1994, pp. 118-184).

Em 1269, foi chamado novamente a Paris para um segundo ciclo de ensinos. Os estudantes - compreende-se - estavam encantados com suas lições. Um ex-aluno seu declarou que uma enorme multidão de estudantes seguia os cursos de Tomás, tanto que as salas de aula não conseguiam comportar-lhes, e acrescentou, com uma anotação pessoal que "escutá-lo era para ele uma felicidade profunda". A interpretação de Aristóteles dada por Tomás não era aceita por todos, mas até mesmo seus adversários no campo acadêmico, como Godofredo de Fontaines, por exemplo, admitiam que a doutrina de Tomás era superior a outras por sua utilidade e valor e servia a todos os demais doutores. Talvez também para subtraí-lo das vivazes discussões em curso, os superiores enviaram-no mais uma vez a Nápoles, para colocar-se à disposição do rei Carlos I, que queria organizar os estudos universitários.

Além do estudo e do ensino, Tomás dedicou-se também à pregação ao povo. E também o povo ia de bom grado escutá-lo. Diria que é verdadeiramente uma graça grande quando os teólogos sabem falar com simplicidade e fervor aos fiéis. Por outro lado, o ministério da pregação ajuda os próprios especialistas em teologia, num saudável realismo pastoral, e enriquece de estímulos vivazes sua investigação.

Os últimos meses da vida terrena de Tomás permanecem rodeados de uma atmosfera particular, diria misteriosa. Em dezembro de 1273, chamou seu amigo e secretário Reginaldo para comunicar-lhe sua decisão de interromper todo o trabalho, porque durante a celebração da Missa havia compreendido, a partir de uma revelação sobrenatural, que tudo que ele tinha escrito até então era apenas "um montão de palha". É um episódio misterioso que nos ajuda compreender não apenas a humildade pessoal de Tomás, mas também o fato de que tudo aquilo que chegamos a pensar e a dizer sobre a fé, por mais elevado e puro que seja, é infinitamente superado pela grandeza e pela beleza de Deus, que nos será revelada em plenitude no Paraíso. Um mês depois, cada vez mais absorto em uma meditação pensativa, Tomás morreu enquanto estava de viagem para Lyon, aonde ia para participar do Concílio Ecumênico proclamado pelo Papa Gregório X. Apagou-se na Abadia Cisterciense de Fossanova, após ter recebido o Viático com sentimentos de grande piedade.

A vida e o ensinamento de São Tomás de Aquino poderia se resumir em um episódio apanhado pelos biógrafos antigos. Enquanto o santo, como era seu costume, estava em oração perante o crucifixo, pelo início da manhã na Capela de São Nicolau, em Nápoles, Domingo de Caserta, o sacristão da igreja, sentiu desenvolver-se um diálogo. Tomás perguntava, preocupado, se o que havia escrito sobre os mistérios da fé cristã estava correto. E o Crucifixo respondeu: "Tu tens falado bem de mim, Tomás. Qual será tua recompensa?". E a resposta que Tomás deu é a que nós também, amigos e discípulos de Jesus, sempre quisemos dizer: "Nada mais que Tu, Senhor" (Ibidem, p. 320).

[No final da audiência, o Papa cumprimentou os peregrinos em vários idiomas. Em português, disse:]

Queridos irmãos e irmãs:

São Tomás de Aquino é proposto pela Igreja como mestre de pensamento e modelo quanto ao reto modo de fazer teologia. Nascido na primeira metade do século XIII, no seio de uma família nobre e rica, fez os primeiros estudos na abadia beneditina de Monte Cassino, seguindo depois para Nápoles, onde teve o primeiro contato com as obras de Aristóteles. Aí decide fazer-se dominicano, enfrentando a oposição familiar. Enviado a Paris, teve como professor Santo Alberto Magno, com quem pôde aprofundar nos estudos aristotélicos: com efeito, as obras deste filósofo grego eram vistas por muitos como contrárias à fé cristã, mas Tomás soube distinguir aquilo que era válido, do que era duvidoso ou mesmo contrário à fé, mostrando assim a harmonia natural entre a fé cristã e a razão. Escreveu inúmeras obras, dentre as quais se destaca a Summa Theologiae. Profundo amante do mistério eucarístico, compôs os textos litúrgicos da festa de Corpus Christi. Depois de uma experiência mística enquanto celebrava a Missa, decidiu interromper a sua produção literária, reconhecendo humildemente que tudo quanto tinha escrito era infinitamente superado pela grandeza e beleza de Deus. Morreu a caminho do concílio ecumênico de Lion.

Uma saudação afetuosa a todos os peregrinos vindos do Brasil e demais países lusófonos, nomeadamente os fiéis da diocese de Serrinha, acompanhados do seu bispo, Dom Ottorino Assolari! Possa cada um de vós encontrar Jesus Cristo vivo e operante na Igreja através da sua presença real na Eucaristia. E assim, fortalecidos com a sua graça, possais servi-lo nos irmãos. De coração, a todos abençoo. Ide com Deus!

[Tradução: Cláudio Luís Campos Mendes]